sexta-feira, 26 de setembro de 2008

REFLEXÃO - CONTO





QUANDO A IDADE PESA





Ela ainda se lembra dos seus vinte poucos anos, era engraçada, portanto era muito pretendida, mas tinha já três filhos, duas meninas e um rapaz. Passava muitas dificuldades para criar as três crianças, trabalhava muito, mas tinha de o fazer, pois as crianças não tinham culpa de ter vindo ao mundo, a culpa era dela.

Dois dos seus filhos eram filhos de um casamento que havia falhado, a filha mais nova era filha de um amor que tivera e que não dera certo, muito embora ela gostasse ainda dele.

Por motivos alheios á sua vontade, e, porque a segurança e sobrevivência de seus filhos assim o exigisse, pois se encontrava desempregada, mandou a filha mais velha para o pai, até refazer a sua vida, e os dois mais novos ficaram entregues a uma senhora de idade e á madrinha da mais nova, que por sinal era também sua tia.

Conseguiu arranjar trabalho, ainda que mal pago, mas que dava para sobreviver. Mais tarde, com a ajuda de amigos, conseguiu um bom emprego e então tentou regularizar a sua vida, mas, nesse entretanto, mandou vir a filha mais velha para junto de si, mas a senhora que tomava conta dos mais novos, num momento de loucura matou-lhe o filho varão, ficando a mais nova entregue á madrinha, senhora que vivia bem. Como ainda não podia subsistir com as duas meninas, deixou ficar a mais nova á madrinha, que não tinha filhos e lhe estava a dar uma vida que com ela nunca poderia ter.


Tentou dar á filha mais velha uma educação esmerada e uma instrução que lhe permitisse ámanhã ser alguém. Como esta filha era rebelde e pouco amiga de estudar, ela pensando que este facto se devia a ter pouco tempo para lhe dar, uma vez que trabalhava muitas horas, até internada a pôs num colégio. Mas o azar estava de novo espreitando e teve de a tirar do colégio porque estava de novo sem trabalho.


Voltou a arranjar trabalho bem remunerado onde podia dar mais atenção á filha, mas esta não quiz estudar e como na altura já tinha 14 anos, pô-la a trabalhar, o que seria para ser só durante as férias escolares, e que acabou por ser quase definitivo.



Tentou o mais possível nunca a castigar com pancada, coisa que só o fez uma única vez, não lhe faltando com nada e fazendo sempre com que as seus desejos fossem satisfeitos, dentro do possível.

Passados dois anos, a filha quiz casar, para evitar males maiores, deu-lhe o seu consentimento.

Casou, teve filhos, e quando a mãe precisou, acolheu-a, mas sem grande entusiasmo.

Aquela mulher, continuou a trabalhar, teve bons empregos, ganhou muito, mas tudo gastou com a filha e netos.

Hoje, continua a viver com a filha, mas esta cada vez se afasta mais da sua mãe não perdendo uma única oportunidade para a diminuir, a rebaixar e a humilhar.

Como precisa, pois a sua reforma é pequena, vai calando e suportando tudo, sempre de cara alegre, muito embora, por vezes, já de tão saturada estar, expluda e nas piores ocasiões, mas são raras estas explosões, se tanto duas vezes ao todo.

Para evitar estas explosões, isola-se, só já fala se lhe dirigem a palavra, mas vive triste porque sabe que tudo na vida se rege pela Lei do retorno.

Hoje está velha, na idade, pois é lúcida e mais sábia com a escola da vida, nunca deixou de se actualizar em todo o sentido da palavra, mas sua filha e seus netos caminham a passos largos para a mesma velhice, tudo o que eles sabem já ela aprendeu e guardou nas suas memórias há muito.

Por milhares e milhares de anos, os velhos eram os patriarcas e os conselheiros da humanidade, somente hoje é que a idade é desvalorizada, por isso mesmo vivemos no caos que se vê. Mas o tempo e a vida acaba sempre por dar razão á velhice, só é pena é que por vezes já é tarde de mais.


Os nossosfilhos esquecem-se de que os anos vão passando, a idade vai avançando, o que era novo ontem é velho ámanhã. Eles também caminham para a velhice, para o final da vida e o que hoje fazem a seus velhos pais, ámanhã poderão seus filhos a fazerem-no também, ou pior, pois tem-se visto que com o andar dos tempos a gratidão e o amor vão-se desvanecendo. Que Deus os proteja e acorde os sentimentos nobres que se foram perdendo.

Precisamos de um mundo melhor, precisamos de despertar o amor pelos outros, os que estão perto e os que nada nos são. Pois só o amor pode salvar a humanidade. DEUS É AMOR, por isso nos perdoa todos os desmandos que nesta vida vamos fazendo. Já Jesus disse que o homem deve perdoar setente vezes sete, pois Deus perdoa-nos uma eternidade de vezes. Todos somos pecadores,não existe um único justo no mundo, portanto porque não perdoar ao que nos ofende?Porue não darmos o amor que existe, porque Deus o implantou, no nosso coração com liberalidade e prazer? O mundo seria melhor.